Nos
estudos da morfologia da língua, existem os morfemas, que constituem partes das
palavras: o radical, a vogal temática, as desinências e os afixos.
Estes se “ramificam” em prefixo e sufixo. Uma pessoa comum, que não viva
de língua portuguesa, poderia questionar o que significam essas palavras
estranhas.
Esclarecendo-se,
teria respostas como: o radical é o “fixo”, que remete ao significado essencial
da palavra como, por exemplo, “menin-” em “menino”, “meninada”, “menininhas”
leva o usuário da língua a pensar em crianças ou em algo relativo a elas.
Há
muitas possibilidades de combinações de usos dos morfemas, e os resultados são surpreendentes.
Mas, no cotidiano do brasileiro, os enriquecedores da língua são os afixos, ou
seja, os “móveis”, os “não-fixos”, que são acrescidos antes e depois do radical.
Com a fusão de “alfa” e “beta”, por exemplo, formamos “alfabeto” e, seguindo
dessa nova palavra, podemos acrescentar afixos para termos “analfabeto”,
analfabetismo”, “alfabetizado”.
Para
designar profissões, os sufixos conferem mais ou menos prestígio a determinados
profissionais. O sufixo “-eiro” separa algumas classes profissionais dos grupos
constituídos de “-sta”, “-euta”, “-ólogo” e outros. Podemos conferir a
segregação sócio-profissional que põe, de um lado, o ferreiro, o pedreiro, o
carpinteiro, o marceneiro, o jornaleiro e, de outro, o jornalista, o dentista,
o fisioterapeuta, o biólogo, o geólogo, o farmacêutico. O profissional de
marketing não se identifica como “marketeiro”, mas como “mercadólogo”. Já a
designação “engenheiro” foge à regra já que a classe alcançou reconhecimento
singular na sociedade.
No
campo artístico também se nota essa segregação de prestígios. Numa orquestra ou
em outras áreas da música, por exemplo, temos o “violinista”, o “violista”, o
“violoncelista”, o “contrabaixista”, o “trompetista”, o “trombonista”, o
“tubista” e muitos outros “-istas”, como o “gaitista”, o “violonista”, o
“baterista”, que não se confunde com o “percussionista”.
No
universo da música popular, encontram-se músicos e dançarinos que lutam há
séculos pela dignidade de sua arte: o violeiro, o catireiro, o fandangueiro, o
batuqueiro, o cururueiro, o jongueiro, o congadeiro.
O
que muitos não sabem é que existe um universo inesgotável de conhecimentos em
cada segmento que envolve os artistas populares do Brasil. Alguns setores,
porém, insistem em pôr à margem elementos desse mosaico, evidenciando que falta
erudição aos que desprezam o mundo do “viola-caipirista” ou do “violista-caipira”
se assim preferem chamar!
(Fabius)
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