sábado, 14 de julho de 2012

Poesia marginal do Tambu ao RAP


É muito comum ouvirmos pessoas afirmando que RAP não é música. Quem diz isso se justifica pela suposta “ausência de melodia”.
 Primeiro gostaria de chamar atenção à melodia que existe na própria fala. Quando falamos, subimos e descemos tons, abrimos e fechamos timbres da voz. Não falamos como robôs de forma monótona. Subimos tonalidade para perguntar e descemos para afirmar. Esticamos as vogais para sermos enfáticos e ainda forçamos as “explosões” oclusivas de certas consoantes para atingirmos efeitos de sentido por meio da sonoridade.
Lembremos também que as músicas se constituem de harmonias, melodias e ritmos variados. Para quem não sabe, RAP é uma sigla que se forma da expressão  “rhythm and poetry” (ritmo e poesia).
Assim, podemos afirmar que RAP é música já que os arranjos dos rappers têm harmonias, ritmos e as melodias da fala por meio dos quais a poesia se veicula para falar do cotidiano sob a ótica do “gueto” dos manos.
Os Racionais MC’s, que têm grande expressividade para um público formado por pessoas de diferentes níveis sociais e intelectuais cantam com muito vigor o “negro drama” da “vida loka” em seus álbuns.
Antes da geração de artistas contemporâneos dos Racionais, há mais de década, Thaíde também já representava uma força do movimento  que redefine, por meio da arte, a vida de muitos jovens que são atraídos à realidade do crime.
Esse movimento é o Hip Hop, que une a arte gráfica nas paredes, a dança do B. Boy e a poesia do RAP no mundo todo. Há manos em toda a América Latina, na Europa, na Ásia, na Oceania e, em todos os lugares, a força da poesia negra e mestiça urbana se expande nas rádios comunitárias digitais, nos centros de convivência, nas ruas.
Acredito em que o movimento tenha atingido uma maturidade no Brasil de tal forma que já possa romper com os moldes novaiorquinos que se associam à indumentária, ao vocabulário inglês que designa não só o “B. Boy”, mas também o “MC”, o “freestylo” e outros elementos do cotidiano dos jovens que se inspiram nos padrões americanos.
No Brasil, principalmente, por existirem ricas fontes etnográficas e musicais, os jovens manos que querem expandir os horizontes do HIP HOP, têm a obrigação de conhecer o gueto do “Tambu”, que ritma o batuque de umbigada no triangulo Piracicaba, Tietê e Capivari. Assim verão que, quando cantam o negro drama, a dona Anecide (de Capivari), o seu Dado (de Piracicaba), o Bomba (de Tietê), Vanderlei Bastos, Antônio Jr.(Piracicaba) e  outros cantores e batuqueiros tiram o fôlego de qualquer rapper do freestylo.
(Fabius)
 

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