quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O mestre dos mestres

Já faz algum tempo, numa segunda edição do Festival Caipira de Jaú, de que eu era produtor parceiro da Secretaria de Cultura do município, tive experiências incríveis com os artistas populares que participaram do evento.
Havia uma rica agenda composta por artistas de grande expressão nessa cena, mas a minha alegria emergia nos momentos em que iria ocorrer a Missa Caipira do Nhô Chico, com toda a equipe, família, e o Juninho Caipira. Catireiros da região, como Zé Lourenço e Ari Freitas também arrasaram, mas o dia em que eu levei no meu carro a dupla Toninho e Paraná e os dois duelantes, Moacir Siqueira e Manezinho Moreira.
A dupla aqueceria o público com clássicos da música caipira e, no auge, chamaria os MCs rurais para cantar o desafio em trovas, acompanhado de viola e violão.
Passamos o dia lá num bairro rural chamado Pouso Alegre entre Jaú e Bariri. Era muita gente na plateia que daria naquela tarde para dizermos que a cultura do rodeio realmente engoliu a Cultura Caipira.
Já à noitinha, fizemos uma merenda e seguimos para Piracicaba pela estrada “dos fundos” da cidade. Peguei o celular e liguei para o Sergio Santa Rosa, em Botucatu, autor do maior registro sobre os canturiões do cururu e disse a ele que eu estava com uma carga da pesada no carro. Ele a maior festa, ,andou abraços  e nos despedimos depois de muitas alegrias rápidas. Alguns quilômetros à frente, já em Mineiros de Tietê, um cão do tamanho de um bezerro entrou na frente do carro e não pudemos poupá-lo de seu triste atropelamento.
Paramos em Dois Córregos e um mecânico nos deu um suporte para que pudéssemos seguir viagem.
Nas várias horas em que esperamos o conserto do radiador do veículo, falamos sobre as várias décadas de música, versos e cultura caipira. Mané Moreira disse que ficou vários anos longe do núcleo de Piracicaba enquanto morou no Paraná. Eu disse que, segundo Rui Tornese, Tião Carreiro desenvolveu o pagode de viola depois de uma viagem ao interior daquele estado. Manezinho me surpreendeu com a maior que já ouvi: “Tião Carreiro aprendeu tocar pagode de viola comigo. Foi quando ele esteve hospedado na minha casa que eu ensinei Tião Carreiro tocar pagode”.
Todos silenciaram durante muitos minutos. Ninguém confirmou nem desdisse o que afirmara. O carro ficou pronto e, na madrugada, chegamos à casa de Moacir Siqueira.
Sendo verdade ou não, pensei, é uma responsabilidade muito grande carregar um fardo desses. Mesmo sendo sincera, essa afirmação leva qualquer um a duvidar daquele que se apresenta como O MESTRE DOS MESTRES.
(Fabius)

Manezinho Moreira, Canutião e Violeiro do Cururu.

Moacir Siqueira: metralhadora de versos do Cururu.

Festival Caipira de Jaú (SP), 2010.

Sérgio Santa Rosa e Jonata Neto.
Santa Rosa é autor de "Prosa de Cantador", livro em que traça um longo trajeto do Cururu.
Tropa de elite do cururu: Moacir Siquera, Cido Garoto, Jonata Neto, Andinho, Carlos Caetano.





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